Mais uma vez, solitária no mundo, sentada sem vista pra rua, com essa incompreensão no peito e uma angústia que não desgruda de vez.
Enquanto todos me dizem que preciso ser forte, que o silêncio é arma, a indiferença é o que mata, e viver é preciso, meu único pensamento é em comprar passagens aéreas e sumir pelo mundo.
Deliberar sem mais recados, fugir de toda essa loucura que acomete as pessoas, o medo nojento que os outros têm de dar amor, e receber também em troca.
O amor é essa ciranda onde todos rodeiam, e cantam, exibem sorrisos e feições de satisfação, em que eu me encontro excluída, sentada num canto, de braços cruzados e cara amarrada.
Ninguém me convida, e fico apenas atenta, observando os casais que se completam, a vida que se move, e os beijos que não dou, as juras eternas que não escuto.
Fujo algumas vezes, tapo os olhos em outras, mas a roda incessante e desgovernada apenas brinca de bobinho comigo e minha esperança em ser chamada; garotinha tola que quer se divertir um pouco, e não sabe entrar - apenas pedir, pedir e pedir, nunca penetrando de vez. Se deixando iludir por cartas, e signos, mensagens inoportunas, sinais divinos, que na verdade dizem nada e fantasiam qualquer dúvida posta em questão.
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