como se tivéssemos largado a torneira aberta, por dias, semanas...
Ouvindo a água pingando, batendo na louça, dentro da pia; no ralo, durante a madrugada.
Mas como se tívessemos tido preguiça de nos levantar da cama, de deixar o quente das cobertas, tirar a cabeça do amassado do travesseiro, de calçar os chinelos e andar até a cozinha pra dar mais meio giro. Apenas metade de uma outra volta que acabaria com o ruído, com o gasto de água, com o barulho dos pingos batendo na louça, no canto do prato, na ponta da faca, no ralo, de madrugada.
Vazamento esvaziando o reservatório por descaso, litros e litros pelo cano por nossa culpa, não, não foi de repente não foi surpresa, nosso amor secou aos poucos, gota a gota...
E nós ouvimos todos os pingos.
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